quinta-feira, 26 de maio de 2011

Características da Música Medieval

A música medieval foi formada a partir das influências da música grega e da liturgia judaica. Em virtude da cristianização do Ocidente e ascensão ao poder da Igreja Católica, a música passou a ser “um meio de predispor as almas a receber os ensinamentos cristãos” (ESPERANDIO, 2010, p.59).
Durante a Alta Idade Média vigorou o cantochão, ou canto gregoriano – especialmente em virtude da imposição de Carlos Magno – que tinha como características: ser estritamente vocal, monofônico, executado sempre em uníssono, não excedendo a extensão de uma oitava, priorizando o texto, sempre em latim, cantado somente por homens e sem acompanhamento musical. As melodias eram simples, com poucas mudanças de notas.
Durante a Alta Idade Média o ensino desse canto foi feito oralmente, pois não havia notação, sendo a memória era essencial para qualquer músico dessa época.
Entretanto, inovações ocorreram com a introdução dos neumas, precursores das atuais notas e linhas, precursoras da atual pauta. A necessidade impulsionou as transformações necessárias para que a notação musical se concretizasse, ao mesmo tempo em que escolas de canto eram abertas e “meninos cantores” passaram a ser treinados desde a infância, a fim de servirem à Igreja. A profissionalização da música – no sentido de ser elaborado o suficiente para necessitar de ensino específico – foi se impondo, pouco a pouco, no medievo.
O organum, na Ars Antiqua, introduziu a polifonia. Na Ars Nova o desenvolvimento continuou. Instrumentos, como o órgão, as harpas, alaúdes, guitarras, vielas, charamelas, buzinas, etc, se desenvolveram nesta época.
O que se percebe, ao analisar a história da música na Idade Média é que devemos a esse período a semente da nossa atual notação musical, bem como do próprio sistema tonal, que ali começou a se desenvolver.
A escrita musical permitiu que a composição substituísse a improvisação, além de permitir que esse material escrito chegasse até nós.
A polifonia foi outro legado que permitiu a experiência de muitos tipos de textura e contribuiu para uma posterior diversidade harmônica. É incrível que de um canto monódico, sem ritmo, preso ao texto, se tenha chegado ao moteto, por exemplo, com várias vozes, com textos em diferentes línguas e obedecendo a fórmulas rítmicas. Essa é outra contribuição da Idade Média para nós: a exploração do mundo musical.
As transformações que ocorreram no medievo nos fazem perceber a versatilidade e criatividade do homem, servindo de estímulo para todos nós.

Fontes:


CANDÉ, Roland de. História universal da música, São Paulo: Martins Fontes, 2001, vol. 1, tradução de Eduardo Brandão.

CARPEAUX, Otto Maria, O livro de ouro da história da música, 3ª edição, Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

ESPERANDIO, Thiago José. A música sob o interdito: a ambiguidade da relação entre a igreja e a polifonia musical no século XIV, 115 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Instituto de Artes, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

FREDERICO, Denise Cordeiro de Souza. Cantos para o culto cristão, São Leopoldo: Sinodal, 2001, 414 p., Série Teses e Dissertações.

GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da música ocidental, 4ª edição, Lisboa: Gradiva, 2007.

SANTIAGO, Glauber Lúcio Alves, Origens e desenvolvimento da educação musical: uma breve visão, São Carlos: Ufscar, 2009.

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