terça-feira, 18 de outubro de 2011

♪O Período Clássico

Divide-se a História da Música em períodos, tal como ocorre na História Geral e na História da Arte. Entre o Barroco e o Romantismo há o período Clássico.
Costuma-se situar este período entre 1750 e 1820, mas é importante salientar que suas características não surgiram de uma hora para outra, tendo sido construídas desde o Barroco. Este se desenvolveu em um momento histórico conturbado, logo após a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica, momento de luta religiosa entre dogmas e liberdade.
O período Clássico se inicia às portas de outro momento conturbado – a Revolução Francesa – porém, um momento em que as ideias fluem mais facilmente e os homens pensam sobre a sociedade, sobre o conhecimento, sobre o próprio Homem, procurando separar o laico do religioso, o Estado da Igreja, um momento “iluminado”.
O Iluminismo trouxe uma revolução de ideias que culminou – por vários motivos – em uma revolução política. A forma de ver o homem nunca mais seria a mesma, pois aí se formou o conceito de cidadão, com direitos e deveres. A elite foi rechaçada do poder pela burguesia enriquecida e o mundo virou de ponta-cabeça (para os nobres). A arte – expressão humana – também foi influenciada por todas as ideias e mudanças, assumindo características distintas. Evidentemente as artes se situam no tempo e são feitas por homens (que vivem em seu tempo), sofrendo e refletindo os efeitos do momento histórico, bem como contribuindo para transformá-lo, gerando um desenvolvimento contínuo. Cada momento histórico revela seus acontecimentos na pintura, escultura, literatura, e demais artes. A música, nesse período, vivenciou o que foi chamado de Classicismo, ou período Clássico, com características próprias.
Lovelock afirma que surgiu um estilo mais ligeiro, geralmente menos sério, conhecido como estilo galante, o qual tinha por objetivo principal a graciosidade e a elegância. (2001, p. 171).
Essa música é elaborada e refinada e tem como objetivo principal agradar o ouvinte. O simples e o direto, portanto, é que são cultivados, em detrimento da música complexa do Barroco. É importante salientar que isso não significa que a Música Clássica não tenha profundidade; significa, na verdade, que ela é composta de tal forma a atingir a todos, não apenas a uma elite acostumada à escuta musical. A música desse período deve ser agradável, deve ser apreciada, mas ao mesmo tempo pode e é capaz de expressar sentimentos muito fortes.
De qualquer forma, agora não é preciso entender música para apreciá-la. Isso acaba por permitir a formação de uma classe de pessoas que, mesmo não fazendo música, a consomem.
O estilo contrapontístico, característico do Barroco, é, pouco a pouco, substituído por uma música que enfatiza mais os aspectos verticais que horizontais.
O pianoforte é construído, recebendo aprovação dos músicos e ganhando notoriedade. Outros instrumentos, como os de sopro, recebem intervenções técnicas, permitindo maior volume sonoro, ou a exploração de outras tonalidades. Além disso, a fabricação de instrumentos cresce em resposta ao aumento do poder aquisitivo. Como mencionado acima, consome-se música – e também instrumentos musicais.
Os instrumentos reafirmam seu lugar de importância e compõe-se ainda mais para eles.
A importância do baixo contínuo declina pouco a pouco, permitindo que tanto o cravo quanto o piano adquiram autonomia como indivíduos na música de concerto. (LOVELOCK, 2001, p.185)
Surge a sinfonia, como forma independente, derivada da Abertura Italiana.
No que concerne à música vocal, a ópera é reformada por Gluck.
O músico, antes dominado pela vontade daquele que o contratava para compor e tocar, rompe com essa servidão, tornando-se um trabalhador liberal, tendo em Mozart um exemplo dessa mudança de postura em busca da liberdade artística.
Os compositores do Classicismo são vários, mas destacam-se Haydn, que colaborou para implantar o novo estilo, Mozart, que explorou todas as possibilidades dessa música agradável, ligeira e menos séria, compondo com genialidade, e Beethoven, que inicia sua carreira no Classicismo, mas termina no Romantismo.


Fontes:
CAVINI, Maristella P. História da Música Ocidental. Disponível em: http://ead.sead.ufscar.br/mod/book/view.php?id=79112

LOVELOCK, William. História concisa da música. 2ª edição, São Paulo: Martins Fontes, 2001, tradução de Álvaro Cabral.

TORELLI, L. S.; PEREIRA, R. O. Caderno de Referência de Conteúdo: História Moderna II, Ação Educacional Claretiana, Batatais, versão I, 2008.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Características da Música Medieval

A música medieval foi formada a partir das influências da música grega e da liturgia judaica. Em virtude da cristianização do Ocidente e ascensão ao poder da Igreja Católica, a música passou a ser “um meio de predispor as almas a receber os ensinamentos cristãos” (ESPERANDIO, 2010, p.59).
Durante a Alta Idade Média vigorou o cantochão, ou canto gregoriano – especialmente em virtude da imposição de Carlos Magno – que tinha como características: ser estritamente vocal, monofônico, executado sempre em uníssono, não excedendo a extensão de uma oitava, priorizando o texto, sempre em latim, cantado somente por homens e sem acompanhamento musical. As melodias eram simples, com poucas mudanças de notas.
Durante a Alta Idade Média o ensino desse canto foi feito oralmente, pois não havia notação, sendo a memória era essencial para qualquer músico dessa época.
Entretanto, inovações ocorreram com a introdução dos neumas, precursores das atuais notas e linhas, precursoras da atual pauta. A necessidade impulsionou as transformações necessárias para que a notação musical se concretizasse, ao mesmo tempo em que escolas de canto eram abertas e “meninos cantores” passaram a ser treinados desde a infância, a fim de servirem à Igreja. A profissionalização da música – no sentido de ser elaborado o suficiente para necessitar de ensino específico – foi se impondo, pouco a pouco, no medievo.
O organum, na Ars Antiqua, introduziu a polifonia. Na Ars Nova o desenvolvimento continuou. Instrumentos, como o órgão, as harpas, alaúdes, guitarras, vielas, charamelas, buzinas, etc, se desenvolveram nesta época.
O que se percebe, ao analisar a história da música na Idade Média é que devemos a esse período a semente da nossa atual notação musical, bem como do próprio sistema tonal, que ali começou a se desenvolver.
A escrita musical permitiu que a composição substituísse a improvisação, além de permitir que esse material escrito chegasse até nós.
A polifonia foi outro legado que permitiu a experiência de muitos tipos de textura e contribuiu para uma posterior diversidade harmônica. É incrível que de um canto monódico, sem ritmo, preso ao texto, se tenha chegado ao moteto, por exemplo, com várias vozes, com textos em diferentes línguas e obedecendo a fórmulas rítmicas. Essa é outra contribuição da Idade Média para nós: a exploração do mundo musical.
As transformações que ocorreram no medievo nos fazem perceber a versatilidade e criatividade do homem, servindo de estímulo para todos nós.

Fontes:


CANDÉ, Roland de. História universal da música, São Paulo: Martins Fontes, 2001, vol. 1, tradução de Eduardo Brandão.

CARPEAUX, Otto Maria, O livro de ouro da história da música, 3ª edição, Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

ESPERANDIO, Thiago José. A música sob o interdito: a ambiguidade da relação entre a igreja e a polifonia musical no século XIV, 115 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Instituto de Artes, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

FREDERICO, Denise Cordeiro de Souza. Cantos para o culto cristão, São Leopoldo: Sinodal, 2001, 414 p., Série Teses e Dissertações.

GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da música ocidental, 4ª edição, Lisboa: Gradiva, 2007.

SANTIAGO, Glauber Lúcio Alves, Origens e desenvolvimento da educação musical: uma breve visão, São Carlos: Ufscar, 2009.

domingo, 1 de maio de 2011

Música: curiosidades instrumentais

Música na História: algumas palavras

Antigüidade: Hebreus

A música entre os hebreus ocupava um lugar importante, como se verifica nas inúmeras passagens das Escrituras. Aparece relacionada a situações de religiosidade, como cantos de vitória, lamentação, ensino, mas também louvor e adoração a YHWH (Deus). A participação musical no núcleo da vida religiosa hebraica passa a ter destaque no reinado de Davi, que, coroado rei, promove uma reforma litúrgica, culminando na organização de músicos, descendentes da família de Levi (levitas), para ministrarem o louvor continuamente diante da Arca da Aliança (artefato elaborado na época de Moisés e consagrado a YHWH).
A música está presente em inúmeros salmos, quando se menciona: “Para o mestre de música. Com instrumentos de cordas. Davídico” (SL.61), “Para o mestre de música. Dos coraítas. Para vozes agudas. Um cântico” (SL.46), “Cântico de peregrinação”(Sl.123), etc. A tradição musical hebraica parece ter se tornado até famosa, como se depreende dos escritos do Salmo 137, em que o salmista se lamenta do exílio ao mencionar que os babilônios pediam que se cantasse “um cântico de Sião”.
A organização dos músicos, promovida por Davi, somente se manteve durante o reinado de Salomão. Com os exílios, a destruição de Jerusalém, a tradição davídica não se manteve. Neemias, ao narrar a reconstrução do Templo, na época de Ciro, menciona que os levitas foram chamados para ocupar seus lugares. O ritual de reedificação do Templo envolve o tocar de trombetas, mostrando que sons musicais estão presentes, mas a era davídica já passou. As constantes dominações estrangeiras certamente influenciariam a música hebraica e a tradição que temos hoje certamente não corresponde ao passado distante.
A ausência de notação musical, entretanto, nos leva a inferir que todo o conhecimento musical era transmitido oralmente. A importância da música, sua presença, denota a existência de ensino. Infelizmente não se sabe de que forma isso era leva a efeito, sabendo apenas que na tradição judaica a educação era imprescindível.

Fontes:

BÍBLIA SAGRADA português inglês – Holy Bible portuguese-english, São Paulo: Editora Vida, 2003.

CANDÉ, Roland de. História universal da música, São Paulo: Martins Fontes, 2001, vol. 1, tradução de Eduardo Brandão.

SANTIAGO, Glauber Lúcio Alves, Origens e desenvolvimento da educação musical: uma breve visão, São Carlos: Ufscar, 2009

quarta-feira, 27 de abril de 2011

♪INTERNET E INCLUSÃO DIGITAL♪


A história da internet nos mostra que, originalmente, não era a população em geral o alvo, mas sim, órgãos governamentais e questões de segurança nacional. Houve toda uma estruturação para que os protocolos usados fossem padronizados e, dessa forma, se formasse uma grande rede internacional.
Hoje a internet está presente em todo o mundo. Porém, não de forma igualitária. Como o texto nos mostrou, existem localidades, como a América do Norte, em que mais de 70% da população têm acesso à internet. A África, em contrapartida, não tem nem mesmo dez por cento. Essa discrepância observada mundialmente também pode ser verificada no âmbito de cada país ou território. Por exemplo, no Brasil são 67,5 milhões de pessoas que se conectam virtualmente. Apesar de parecer um bom número, não chega a 35% da população. E, naturalmente, existe uma concentração de usuários nos centros urbanos e nas camadas favorecidas economicamente.
Existe uma preocupação no Brasil com relação a essa questão. Prova disso foram os projetos elaborados para equipar a escola pública com computadores, além de todo o discurso que se encontra por aí. Entretanto, sabemos que não basta colocar computadores nas escolas, ou mesmo disponibilizar um para cada família. Incluir digitalmente significa ter pessoas desfrutando das vantagens do mundo digital, tendo uma vida com mais qualidade. Para isso é preciso dominar essa nova linguagem.
Essa questão do domínio da linguagem do mundo virtual nos remete ao excesso de informações que estão disponibilizadas, sem uma “filtragem”. A web fornece números impensáveis de páginas sobre diversos assuntos. Se alguém quiser pesquisar sobre a palavra “cidade” no Google, por exemplo, encontrará 130 milhões de resultados. Essa quantidade imensa de informação exige que o usuário não apenas saiba como se conectar, como buscar, como acessar, enviar, postar, etc, mas também, que se torne seletivo, que saiba o que está procurando. Ele mesmo deve usar filtros para buscar as informações mais próximas do que deseja.
Os adolescentes, maiores internautas atualmente, se acostumaram a jogar todo o tipo de pesquisa no Google, sem se preocupar com a fidelidade das fontes. “Alguém tem uma pergunta? O Google fornecerá a resposta!” Ainda que o Google (ou qualquer outro site de busca) realmente tenha sempre uma resposta, ela estará no meio de inúmeras outras e poderá sequer ser localizada – ou seja, não se encontrará a resposta mais adequada.
Pensar em inclusão digital significa também pensar sobre pensar, sobre as fontes de que dispomos, sobre as formas de buscar e contribuir para que a rede se torne cada vez melhor. Extrapola, portanto, os três componentes básicos que qualificam uma pessoa como “incluído digitalmente”, que são: ter acesso a um computador, ter acesso a uma rede, dominar o manejo das ferramentas tecnológicas. A inclusão digital parece exigir que o indivíduo tenha tido acesso à educação. Isso porque nos questionamos: será que quem usa o computador e se conecta à rede, mas somente para jogar online, ou somente para uso no trabalho, está incluído digitalmente? Esse indivíduo usa o potencial do mundo digital para melhorar sua vida, para enriquecer seus conhecimentos?  
Se a inclusão digital é uma forma de cidadania – e acredito que seja – é preciso que todos tenham acesso e sejam educados para utilizá-la bem.
Infelizmente, pessoas que residem em zonas periféricas e desfavorecidas economicamente, não têm tanto acesso como deveriam ter, a computadores e redes de conexão. Da mesma forma, existem dificuldades para deficientes (auditivos e visuais, por exemplo), bem como, ainda é uma novidade para os idosos. Os números, aliás, revelam que entre os mais jovens está a esmagadora maioria de usuários.
É preciso continuar lutando para que não somente os jovens, favorecidos economicamente, educados formalmente, que não sofrem de deficiências, que têm tempo, desfrutam dos benefícios do mundo digital.
Além disso, sabemos que o mundo do trabalho espera que tenhamos um mínimo de domínio das linguagens e ferramentas virtuais, tornando esse aprendizado uma exigência.  
Mas o mundo digital não está presente somente no trabalho. Ele atingiu a educação. A Educação à Distância, iniciada nos cursos por correspondência, hoje é levada a efeito via internet. Cada vez mais faculdades e escolas em geral investem nessa modalidade. E usar a internet para estudar é uma forma de inclusão digital. Além do conteúdo específico do curso o aluno deve dominar a linguagem da rede digital e ser capaz de usar outros recursos como gravações em áudio e vídeo, além de alguns softwares, para elaborar atividades específicas.
Diferentemente do que acontece em uma sala de aula convencional, o aluno da EaD precisa ir além, ampliando sua sintonia com o mundo pós-moderno, com as características atuais. O computador é visto como uma ferramenta, uma janela para um mundo de informações, do qual participa intensamente, não apenas como observador/leitor, mas enviando seus vídeos, textos, etc, postando hipertextos, e selecionando suas fontes. Essas experiências tendem a promover o desenvolvimento intelectual do indivíduo. Aliás, é bom salientar que tudo se inicia com o letramento digital. É por este motivo que, em geral, os cursos de EaD oferecem uma disciplina, logo no início, que objetiva a familiarização do aluno com o ambiente virtual e com algumas tecnologias. A UFSCar é exemplo disso, preocupando-se não somente em instrumentalizar o aluno, mas também em fazê-lo refletir sobre seu próprio tempo e as vantagens/desvantagens do mundo digital.


Fontes:

Wikipédia. Inclusão digital. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_digital Acesso em 27/04/11.
Livro eletrônico: A História da internet e a Inclusão Digital. Disponível em: http://ead.sead.ufscar.br/mod/book/view.php?id=52086. Acesso em 20/04/2011.


por Rita