quarta-feira, 2 de maio de 2012

A EDUCAÇÃO MUSICAL NA IDADE MÉDIA


Na Idade Média havia tratados sobre música, como é o caso do destacado De Instituione Musica, de Boécio. Em forma de diálogos ou versos, a ênfase era na memorização.
Os estudantes aprendiam a cantar intervalos, a memorizar cânticos e, mais tarde, a ler notas a partir da pauta. (GROUT & PALISCA, 2007, p. 77)

Contudo, Grout e Palisca nos explicam que:
Nos mosteiros a educação musical era predominantemente prática, combinada com algumas noções elementares de temas não musicais. (GROUT & PALISCA, 2007, p. 77)

Do currículo nas escolas medievais, segundo Santiago (2009, p. 23), constava:
  • canto de intervalos musicais
  • memorização de cânticos
  • a leitura de notas por meio da pauta musical – quando se disseminou a notação musical. 
Sendo o cantochão parte da liturgia romana e segundo Fonterrada, “era fundamental ... que o cantochão fosse corretamente transmitido, pois fazia parte da disseminação da fé cristã, um dos principais elementos de unidade do culto ... Daí a razão da criação das scholae cantori. (FONTERRADA, 2005, p.36)

Essas scholae cantori se expandiram sob a liderança do papa Gregório, no século VI. Crianças com boa voz e mais pobres eram arregimentadas para participarem dos coros e, instruídos especificamente no canto, na improvisação, no contraponto, sem a preocupação com a formação geral da criança.
Foi o desejo de maior uniformidade no canto na igreja, portanto, que impôs a abertura de escolas de canto, objetivando a um ensino mais prático, e por meio da notação musical. Isso ocorreu a partir do século X.
Guido d´Arezzo (992-1050) é um nome que se destaca neste momento do medievo. Esse monge cluniacense foi o grande responsável pelo ensino da leitura musical à primeira vista.

Figura 1: Estátua de Guido d´Arezzo na cidade italiana de Arezzo[1]

Para isso, Santiago nos explica que “ele (Guido) associou as notas musicais a seis sílabas que correspondiam às sílabas iniciais de cada frase do hino “Ut queant laxis” cujo texto datava de séculos anteriores e cuja música ele mesmo pode ter composto. (SANTIAGO, 2009, p. 24)
Segundo Fonterrada, D´Arezzo “tinha como maior objetivo educar o cantor da maneira mais rápida possível, até que este atingisse a habilidade de cantar canções desconhecidas a partir de notação escrita.” (FONTERRADA, 2005, p.38)
 Cabe aqui mencionar duas metodologias que se destacam na Idade Média: a solmização, em que os alunos cantavam sílabas que correspondiam às alturas das notas e a “mão guidoniana”, que era
“um dispositivo mnemônico para ajudar a localizar as notas da escala diatônica, em particular os meios-tons mi-fá, que ocupam os quatro vértices do polígono contendo os quatro dedos.” (GROUT & PALISCA, 2007, P. 82)

Figura 2: Mão guidoniana[2]

Segundo Santiago (2009), há relatos de que a música profana, praticada e desenvolvida por trovadores e troveiros, também era ensinada por meio da relação entre mestres e aprendizes. O autor ainda chama nossa atenção para a importância da notação musical, que impulsionou o desenvolvimento de metodologias de ensino.

Fontes:


FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

SANTIAGO, Glauber Lúcio Alves, Origens e desenvolvimento da educação musical: uma breve visão, São Carlos: Ufscar, 2009

Wikipédia. Guido d´Arezzo. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Guido_d'Arezzo . Acesso em 28/02/2011.




[1] Figura 1: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guido_d'Arezzo. Acesso em 02/03/2011
[2] Figura 2. Disponível em: http://musicadiscreta.blog.uol.com.br/ . Acesso em 04/03/11